segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Maracatu.org!

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O portal das Nações e grupos de Maracatu Brasil afora. Muita informação! Acessem http://maracatu.org.br/

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Reportagem interessante.

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Coroado Seja o Maracatu Do Leão

Oficina de percussão reúne cerca de 60 batuqueiros em Florianópolis

Matheus de Vasconcellos Chaparini

Cinco da manhã e saíamos de Porto Alegre. Exatamente no horário marcado. Quase um milagre, para quem conhece a minha relação descompromissada e pouco séria com a pontualidade. Saímos do Sarandi. Pegamos a freeway antes de o sol nascer. Pé na estrada. Pé na tábua. BR-101, BR-282. Antes do meio dia entrávamos em Floripa. Mais um pouco e estávamos no nosso destino. Camping Escoteiro. Rio Vermelho.

Ele já estava lá esperando. Ele que nos fizera deixar namoradas, amigos, famílias e até a prancha de surfe em casa, pegar a estrada em obras com duas ou três horas de sono e dedicar nosso sagrado feriado a batucar no meio do mato com um monte gente desconhecida.

Conversava tranqüilo. As mãos nos bolsos da bermuda, a voz tão calma - assim como seu comportamento - quanto grave. Um pouco pelo infindável Derby azul que faz questão de fumar até quando canta ou dá instruções aos batuqueiros, um pouco pelos seus já sessenta e um anos de história. Nos pés, as que não soltam as tiras. Bermuda branca, a camisa vermelha - quase sempre uma vermelha, cor do Leão - e a boina branca - essa sim, uma constante. Por trás das grandes lentes de grau, o rosto negro e o sorriso malandro. De longe, um típico membro da velha guarda de uma clássica escola de samba do Rio de janeiro. Mas chegando mais perto, os bombos são de madeira e o canto é de nagô. Com um belo sotaque pernambucano.

“Meu nome é Afonso Aguiar, sou dirigente do Leão Coroado. Não sou mestre, porque mestre, pra mim, era Luis.”



É Maracatu, vejam quanto esplendor


O Maracatu de baque virado, ou Maracatu de Nação, é uma manifestação cultural e religiosa afro-brasileira, oriunda de Pernambuco. Envolve som de percussão acompanhado por um cortejo real. Os registros mais antigos datam de 1711, em Olinda. Mas, de início, é importante salientar que as informações e datas distantes não são precisas. Isso decorre de a tradição ser passada oralmente através das gerações, porque a grande maioria dos escravos era analfabeta e porque foram muitos os períodos de perseguição às manifestações culturais africanas no Brasil. Também é complicado precisar como era o Maracatu no começo.

O som do Maracatu é produzido pelas alfaias, taróis, gonguê (metalofone) e ganzás (chocalhos de metal). O Mestre puxa as toadas, ou loas, e o coro responde. A batucada acompanha um cortejo real, com provável origem nas festas de Rei do Congo. À frente da nação, assim como em uma escola de samba, vem o Porta-Estandarte carregando o Pavilhão que identifica o grupo. Logo atrás vêm as Damas do Passo, que carregam as Calungas, bonecas de madeira que representam os ancestrais da nação. Para Afonso, a Calunga é o elemento mais importante do Maracatu, pois traz a ligação com a raiz. Segue a corte: duque, duquesa, príncipe, princesa, ministros, embaixadores... Eles abrem alas para o Rei e para a Rainha da nação, protegidos pelo palio, grande guarda-chuva carregado pelo vassalo. As baianas representam as escravas. Em volta do cortejo, oferecendo proteção, lanceiros, o caboclo de pena, que representa o indígena, e, eventualmente, soldados Romanos.

A origem do Maracatu está ligada ao culto Nagô. A influência da religião no Maracatu se mostra nos compromissos e obrigações que alguns membros da nação têm de cumprir no terreiro antes de desfilar. Uma semana antes do carnaval, acontece a Noite dos Tambores de Olinda, ou Tambores Silenciosos, onde todas as nações se juntam para pedir proteção aos ancestrais.



Um herdeiro para o Leão


O ano era 1996 e aos 97 de vida, hipertenso, com a saúde debilitada e sem mais força ou ânimo para levar adiante o Leão Coroado, Luís de França decide deixar a direção do Maracatu. No carnaval deste ano, o Leão, que defende com orgulho o título de precursor do maracatu no carnaval, esteve prestes a não desfilar. Foi a muito custo que o Mestre conseguiu reunir um grupo de cerca de dez pessoas e desfilar atrás da Nação Elefante, rival histórica do Leão, apenas como convidada.

Provavelmente já prevendo o momento que não tardaria por vir - como só um senhor de 97 anos deve prever - Luís resolve procurar um sucessor para levar a frente os então 133 anos do Leão. Tarefa que Luis realizou desde os anos 50. Não seria uma escolha fácil. Foram apresentados diversos candidatos ao Mestre Luís. Ele reprovou, um a um, cerca de seis pretendentes.

Insatisfeito com todos os candidatos, sem condições de seguir na direção do maracatu e decidido a não entregar o Leão ao museu, Luís de França havia tomado uma decisão: atearia fogo a todos os pertences da Nação e acabaria de vez com o maracatu com mais tempo de atividade constante. Em termos práticos, até não seria uma tarefa muito difícil, visto que, a esta altura, o Leão Coroado se resumia praticamente a algumas alfaias sem couro, um estandarte feito em 1989 , o palio e as calungas. Não havia mais batuqueiros, associados ou qualquer um que agüentasse o comportamento arisco e o mau humor do Mestre. Eis que em Outubro, através de Roberto Benjamim, da Comissão Nacional de Folclore, Luís de França conhece Afonso Aguiar. A afinidade foi instantânea e deu-se, primeiramente, por questões religiosas. Os dois eram babalorixás, sendo Afonso filho de Obaluaiê e Luís, de Xangô.

A princípio, Afonso não tinha nenhuma intenção de assumir a direção do Leão. Mas para Luís de França não restava dúvida alguma: ele era o homem certo. A certeza de Luís foi mais forte quando ele consultou os búzios que o confirmaram tratar-se de um verdadeiro amigo. Nesse dia os dois firmaram o pacto que passava às mãos de Afonso a secular tradição do Maracatu Leão Coroado. Apesar de ter toda a sua história de vida relacionada ao candomblé, à cultura negra e à percussão, Afonso sequer sabia tocar Maracatu.

Foi o Mestre Luís de França quem lhe ensinou a tocar. Durante o curto período em que conviveram, foram passados os conhecimentos e a tradição do Maracatu Leão Coroado. Tradição que Afonso faz questão de seguir à risca.



A chegada, a praia, a rotina


Quando desembarcamos tivemos a impressão de haver muito pouca gente para a oficina. Conversavam ao redor do mestre cerca de sete pessoas, mais a nossa tripulação. Ainda era pouco. Pensei que viessem pelo menos quarenta.

Éramos quatro pessoas - eu, Roberto, Xitão e Raquel -, três alfaias e um tarol amontoados em um Citröen C3. A mim restaria tocar o tarol na falta de uma alfaia. Ou de outro tocador de tarol.

Cumprimentos rápidos e subimos para a área de camping para procurar um local sossegado e levantar acampamento. Logo na entrada ficavam a residência do caseiro e o local que servia ora para comer, ora para batucar. À frente, num plano mais alto, um longo corredor de floresta de eucaliptos onde se localizava o banheiro coletivo, ao redor alguns aglomerados de barracas. Mais ao fundo, isolado, o local que escolhemos.

O corredor comprido terminava nas dunas de uma praia deserta, provavelmente acessada somente pelo camping. Uma linda praia de um mar gelado com grandes ondas tubulares que quase nos faria perder o almoço do dia seguinte brincando n’água. Pulando onda feito criança.

Acampamento montado, ainda faltava montar as alfaias, que viajaram desmontadas por questões de espaço. A partir daí, segue uma rotina de batucada da manhã à noite com estratégicos intervalos para Alimentação, Descanso e Sono. Alguns abriam mão do Sono pra ficar batucando até as cinco da matina no terreiro-refeitório. Pra quem dorme de noite, o Descanso sobra pro pito e pra cachacinha. Imprescindível, diria o Xitão, pois retempera a fé dos batuqueiros.



Tambor primitivo, montagem complexa


Batuqueiros de primeira viagem, ninguém da tripulação tinha qualquer experiência nesse sentido. A alfaia se assemelha ao bombo legüero tocado pelos gaudérios. Tem estrutura de madeira, couro dos dois lados - couro mesmo, nada sintético. Porém sem pêlos, diferente do Legüero. Um aro de madeira com furos periódicos vai por sobre o couro. Pelos buracos passa uma corda que une os dois aros. A tensão da corda é o que dá a afinação da alfaia. Mas até isso acontecer: um interminável passar de cordas por buraquinhos e encaixa-desencaixa de aros e couro. Isso torna a afinação mais complicada e cansativa do que a de um tambor fabricado industrialmente como o tarol, por exemplo.

Alfaias montadas e afinadas, eis que soa, lá embaixo, o gonguê. Hora de descer pra primeira batucada. E já de chegada, pudemos perceber que aquela aparente meia dúzia se tratava de não menos de cinquenta batuqueiros.



Na marcação das alfaias


Assim é uma alfaia, pelo menos no terceiro milênio. As primeiras alfaias eram feitas de barril. Depois se passou a utilizar troncos de algumas árvores, como a Macaibeira, uma espécie de Palmeira. As “macaíbas” são usadas ainda hoje. Elas são mais pesadas de carregar nos cortejos do que uma alfaia de compensado, mas produzem muito mais som.

Disputada nas oficinas, a alfaia é o instrumento característico e marcante do som do maracatu. São as alfaias que dão o grave, o trovão. Marcou TUM ta-Tum ta-Tum TUM, é Maracatu de baque virado.

A alfaia é tocada com uma baqueta grossa - ou baque - na mão que dá as batidas fortes. A outra segura o bastão de lado, produzindo um som diferenciado e bem característico do estilo. Daí que vem o “baque virado”.



O carnaval tem seus direitos


A principal fonte de renda da maioria das nações é a contribuição paga às entidades que participam do desfile oficial do carnaval. Porém, há nações que preferem não sair no desfile. O Leão de Afonso desfila todos dias do carnaval, mas a nação não entra na competição.

Sob a liderança de Luís de França, o Leão disputava o prêmio. E chegou a ter Afonso à frente na avenida por três anos. Ele explica que tomou a decisão de sair da competição “pra não ter que mudar”. “Automaticamente, pelas regras da federação, o que ia acontecer era o Maracatu sair da rota, se estilizar. Eles fazem imposições e, aos poucos, vão mudando a essência da coisa. Leva a nada, né? Se você sai das suas tradições, você perde a sua identidade.”

Afonso credita o fato a um “estrelismo” gerado pela ilusão que o título de campeão representa. “Dói você ver uma coisa que os nossos ancestrais trouxeram com tanto sacrifício e hoje você vê as pessoas daqui mudando de ritmo, mudando as coisas porque acham bonito. Ao invés de ser tradição, passa a ser moda. E moda acaba.”



Patrimônio Cultural Vivo


Sem a verba do carnaval, o Leão sobrevive através da cultura. A Lei do Registro do Patrimônio Vivo de Pernambuco, de 2002, concede bolsa vitalícia a artistas e entidades populares que se dediquem à defesa do patrimônio cultural de Pernambuco. Não são exigidas modificações para a concessão do benefício, apenas o compromisso de transmitir saberes e fazeres em eventos e programas promovidos pela Fundarpe, Fundação do Patrimônio Histórico e Cultural de Pernambuco.

A ideia é chegar a 60 patrimônios vivos, todo ano são escolhidos três. Na primeira edição, o Leão Coroado foi um dos escolhidos, garantindo a bolsa mensal de 1,5 mil reais para a entidade e 750 para Afonso Aguiar.



Da Lama ao Caos


Apesar do valor histórico e do potencial popular - inclusive turístico - até alguns anos atrás, o Maracatu andava esquecido pelo grande público. Restrito a Pernambuco e, mesmo assim, meio apagado. Eis que, pelos idos de 1991, Francisco de Assis França, o Chico Science, com a sua Nação Zumbi misturou maracatu com som pesado e distorcido e uma boa pitada de psicodelia. Nascia o Movimento Mangue Beat. Seu sucesso ajudou a divulgar o Maracatu por todo Brasil e pelo mundo afora. Afonso reconhece a importância do movimento por trazer divisas ao país e, principalmente, por elevar a cultura do Maracatu.

O fenômeno está estampado no perfil dos participantes da oficina: grupos de toda a região sul do país formados, em sua maioria, por brancos. De Curitiba: Estrela do Sul e Voa Voa. O Arrasta Ilha, de Floripa, foi quem organizou a oficina. De Porto Alegre, alguns representantes do Maracatu Truvão, como a Raquel, e os demais tripulantes do C3, com um grupo ainda em formação.

Essa retomada possibilitou ao Leão Coroado uma turnê de 58 dias pela Europa em 2002. “Ficamos sediados na França, em Paris, e passamos pela Holanda, Suiça, Bélgica, por Barcelona. A gente tocava todos os dias”. Embora Afonso veja dificuldade de tocar, por parte dos “gringos”, já existem grupos de Maracatu na Alemanha, no Japão e nos Estados Unidos.

Todos os artigos e reportagens aqui publicados são de responsabilidade dos seus respectivos autores.

Retirado do site: http://www.pareotrem.com.br/reportagem.html

sábado, 24 de outubro de 2009

Vídeos!

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Aqui vamos postar alguns vídeos legais para entendermos um pouco mais sobre o Maracatu de Baque Virado. Esses aqui mostram os baques (ritmos) básicos, e também a Nação Estrela Brilhante do Recife. Em breve colocaremos mais material sobre as outras nações.







domingo, 27 de setembro de 2009

...mais um ensaio de maracatu em Joinville.

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Neste domingo dia 27/09 foi realizado mais um ensaio.
Mesmo com a chuva que não para de cair, o pessoal não parou de batucar.
Para quem quiser participar é só aparecer nos dias dos ensaios que são informados no canto direito deste blog, informado de ENSAIOS.
Tendo alguma duvida é só entrar em contato por e-mail também mencionado ao lado.
E se você não tem instrumento, parece mesmo assim nos ensaios.
Tenho certeza que depois que vivenciar alguns ensaios vai querer adquirir seu instrumento para participar desta família.
Os ensaios são realizados na faculdade Univille (um quiosque próximo da piscina no antigo SESI)

Abaixo algumas fotos pra deixar registrado.


domingo, 20 de setembro de 2009

Maraville ou joincatu? bom ... MARACATU EM JOINVILLE

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Joinville agora vai ter grupo de maracatu!!


Neste sábado dia 19 de setembro 2009 eu (Jader), Rafael e Eduardo fomos atrás de um lugar para fazer ensaios para maracatu em Joinville. O lugar que achamos foi na Univille ( nos fundos no antigo sesi ) lugar massa e o guardinha que conversamos foi bem gente fina... A idéia inicial é fazer ensaios todos os fim de semana ( ainda queremos decidir qual fica melhor no sábado ou no domingo a tarde ) ou talvez também se achar algum lugar massa dia de semana a noite. Mas vamos estabelecer um dia para começar os ensaios e as pessoas que curtem o movimento do maracatu começar a chegar e trocar idéias e batucar bastante!! Com o crescimento do grupo em ensaios iremos atrás de pessoas para dar oficinas tanto para apresentar os baques das nações quanto ensinar a fazer alfaias... Para tudo isso ocorrer só vai precisar do pessoal que curte o movimento ir nos ensaios e ir crescendo esta família, assim tudo vai fluindo!! Ai vai duas fotinhos pra registrar o começo e espero que a próxima foto não tenha espaço pra todo mundo na foto!! Haha Desta vez não foi divulgado a ideia era achar um lugar massa pra virar o ponto da galera, acabo a gente tocando 3 horas haha... ( a proxima vou informar o local certinho horarios e todas as informações e também será informado na comunidade " maracatu em joinville " Abraços!!